Sem colete salva – vidas

Eu li em algum lugar (não sei precisar a fonte) que, se você não consegue esquecer uma pessoa então, talvez, você realmente não deva esquecer. Ponto. É isso.

Mesmo quando todo mundo diz uma coisa e aponta defeitos em alguém, defeitos esses que você não ignora, e diz que você deveria sentir isto ou sentir aquilo e que… a verdade é que as pessoas, de maneira geral, tem muitas opiniões. Especialmente sobre a vida alheia. As vezes não se tratam nem somente de opiniões mas de conselhos de gente que você deveria ouvir. Só que as pessoas se esquecem que… uma opinião, não é uma ordem. E seria realmente muito fácil só acatar – sem contestar – que eu deveria sentir isto ou aquilo. Provavelmente estaria mais saudável. Provavelmente menos cansada, menos triste. Mas, estaria feliz?

Não. Não estaria. Como eu sei? Eu só sei!

Se você ama muito uma pessoa, ela pode retribuir o amor – ou não. Se o amor não é retribuído, ou, não é retribuído da forma como você gostaria que ele fosse,isso não diminui ou aumenta o amor.Dói, pra caralho! Mas não diminui e nem aumenta o que já existe. Mesmo o fato de você conseguir perceber os defeitos dessa pessoa e decidir ou não perdoar seus erros, ainda que a pessoa não tenha se desculpado.

Então, eu estou nessa. E não vou descer do barco agora. Pode ser que afunde comigo dentro, pode ser que aporte em algum destino agradável e que eu consiga dizer adeus e fique com somente boas lembranças, pode ser que eu resolva um dia descer do barco e que, eventualmente, ele venha até meu cais me levar a ver o pôr do sol. Pode ser.

Mas, se eu não esqueci, então não era para esquecer.

About M.

Moira A fatalidade cega. Em grego arcaico, a parte ou quinhão. Em Homero, a parte da vida decretada a cada indivíduo. O destino traçado do qual não se pode fugir e a pré – disposição à tragédia como condição inegável do ser humano. Lei suprema da vida cósmica à qual todos, humanos e Deuses estão sujeitos. Mayra Lopes Intimamente ligada a conceitos. Hardly one. Filosofia e literatura, eros e pathos, hybris e moira. Um conglomerado de hormônios e sensações. Acima de tudo, sensações. Dores e ansiedades. Mais uma fragmentação pós – moderna, com uma diferença: procuro saber de mim. Quero que o mundo se exploda. Eu só ligo para mim e para os meus. Para a arte, o pensamento e as sensações.Felicidade como estado efêmero versus desespero. Suicídio versus a vontade da dor de aprender, a procura. Descendente de espanhóis e poloneses, mantengo uma estima profunda por la lengua que me dice y por la guitarra catalán. Costumo falar de Cortázar e de literatura alemã. Tenho Goethe tatuado nas costas, sobre aquele olhar. Qual? O de todos. Devaneio, entre Miller, Pessoa e nuvens. As vezes também em algodão – doce.A minha escrita, chuva oblíqua. Passo as horas, entre PJ Harvey e um quarto cheio de história. Cheio de mim mas tão cheio de outros, que as vezes, não reconheço. Virgínia Woolf sem a escrita, depressiva. Sei quase tudo sobre os dark places e as pílulas, todas, conheço-as quase todas. Nenhuma nunca me trouxe felicidade, só torpor. Brinquei de Susanna Kaysen por três dias, me internei, me dei alta; no meio tempo, me chamaram pra fugir. Gosto de dar flores de presente mas ganhei poucas. As minhas preferidas são margaridas. É, simples assim. Detesto pleasure delayers. Não vejo sentido. Se tiver que ser algo melhor, vai ser, durante dias, meses, anos. Não há necessidade de adiar nada por causa disso. Eu sei o que eu quero, detesto jogo ( mas sei jogar como ninguém). Meus exs/minhas exs não realmente saem da minha vida. Estão todos por aqui, orbitando. Falo da maioria com carinho de como se as coisas estivessem acontecido ontem. Costumo ser amigas deles e delas. Tenho uma tendência a lembrar primordialmente das coisas boas. Na tela, de preferência a Europa e seus idiomas entre os filmes.Os finais da Lola e os meus possíveis finais. Entrei para Letras, achando que letras é alguma coisa da qual se vive, para descobrir que, apesar de uns e outros, eu não vivo, respiro. Aqui, onde a menina cresce e a mulher se esconde. Isto ainda não sou eu. “I open once and you call me Devil`s gateway”. Prazer, M. View all posts by M.

One response to “Sem colete salva – vidas

  • Bruna Maria

    Também acho que se não esqueceu, não era pra esquecer. Pelo menos durante um tempo porque, como em todas as coisas da vida, há mudanças e, um dia, querendo ou não, acabamos esquecendo. (Ou não; ou nunca.)
    Eu só não consigo conceber esse perdão quando se ama alguém. Eu vejo amor diminuir, não vejo como ficar inalterado depois de certas coisas.

    Mayra, você está lendo “Joana a contragosto”. Depois me diz o que achou?

    Beijos!

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